quinta-feira, 2 de setembro de 2010

DESCOBERTO



A Turma do Charlie Brown e Snoopy é uma série animada de televisão que apresentava os personagens de Charles M. Schulz. Ela foi ao ar, originalmente, de 1983 a 1985 pela rede CBS americana. Cumpunha a turma: Charlie Brown, Snoopy, Woodstock, Linus, Lucy, Sally, Schroeder, Patty Pimentinha, Marcie, Franklin, Chiqueirinho, Rerun e Violeta. 


LINUS DEDO NA BOCA E COBERTOR
Linus é tão inseguro que vive chupando o dedão. Fetichista: agarra-se ao seu cobertor como um náufrago ao salva-vidas. Um cobertor que acaba imundo, mas que ele não larga, e jamais abandonará. Um dia as meninas resolveram agarrá-lo, tomar o cobertor e lavá-lo. Linus ficou em estado de choque até que devolveram o cobertor. E mesmo depois disto continuou cabisbaixo, macambúzio, na fossa. E quando Lucy disse a ele que aquilo era uma atitude infantil, ele retrucou: "É? Como é que você se sentiria se tivessem feito uma lavagem cerebral no seu melhor amigo?".
Linus é emocionalmente instável, mas intelectualmente precoce, fiel admirador de sua professora Miss Othmar. Seu principal problema é o principal problema de quase todo o mundo hoje em dia: segurança. E ele tem consciência de que a segurança é cada vez mais difícil. Resultado: as únicas coisas que o defendem de precipitar-se no caos psíquico são o seu dedão e aquele maravilhoso cobertor, que não o impedem de ser um intelectual, o filósofo da turma.
Onerado de todas as neuroses, e a instabilidade emotiva seria a sua condição perpétua, se, com a neurose, a sociedade em que vive não lhe tivesse oferecido também os remédios: Linus carrega aos ombros Freud. Individuou, no seu cobertorzinho da primeira infância o símbolo de uma paz uterina e de uma felicidade puramente oral. De dedo na boca, e cobertor encostado a uma das faces (possivelmente de televisor ligado, diante do qual fica empoleirado como um índio, mas, no extremo, nada, um isolamento de tipo oriental, apegado aos próprios símbolos de proteção), Linus encontra o seu "sentimento de segurança".
Enquanto Minduim (Charlie Brown) não consegue construir um "papagaio" que não se precipite entre os ramos de uma árvore, Linus revela, de repente, em certos momentos, habilidades de ficção científica e vertiginosas maestrias: constrói jogos de alucinante equilíbrio, atinge no vôo uma moeda de um quarto de dólar com a ponta do cobertor que estala como um chicote.

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ROBERTO ^^DESCOBERTO
Eu tinha mais de vinte anos de idade, quando numa proveitosa conversa com minha mãe sobre a infância, descobri que eu tinha muito haver com a personagem „Linus“ da turma do Charlie Brown.
Mesmo sem entender patavinas alguma de psicologia, todavia inteligente emocionalmente, dona Helena identificava naturalmente as diferentes personalidades dos filhos: Roberto, Marco Antônio e Luiz Adriano.
Adriano o mais novo durmia tranquilamente após uma sessão de afagos na testa, Marcos após brincar até a exaustão durmia sem preocupações no lugar onde estivesse e eu, não durmia sem meu cobertozinho. Não me recordo da cor dele, mas lembro que ele era felpudinho e longo a ponto de arrastá-lo pelo chão para lá e para cá como uma calda de crocodilo. Para comer, dormir, brincar, passear e tomar banho, lá estava o cobertor do Roberto, produzindo harmonia e segurança.
Anos se passaram até que eu pudesse entender que a segurança e a felicidade não advém daquilo que podemos segurar ou reter - mas do desapego. "Praticar o desapego requer esforço, boa vontade e coração aberto. Não encare como uma bobagem, mas sim como algo que terá reflexos na sua vida como um todo. Abrir mão de entulhos é uma forma de criar espaço físico e mental para que coisas novas, e boas, entrem na sua vida. Algo velho se vai, algo novo que vem."

O tempo passou, abandonei meu meu xodó, meu membro postiço, meu cobertozinho, todavia emocionalmente ainda me sentia preso a ele de alguma forma. Desde então ver-se livre dos hábitos antigos, das manias, dos dengos emocionais, tem sido minha maior meta e a luta de muitos. 


Pense nisto.
Seu amigo Roberttus

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

MUNDO CAO


A expressão "mundo cão" me faz pensar que nem tudo na vida é uma mar de rosas. ^^

        Era uma manhã de sábado quando eu e meu irmão Marcos voltávamos da igreja  atravessando um largo terreno baldio uns quinhentos metros da nossa casa, quando nos deparamos com uma moitinha de capim uivante...uuuuuuuuuuuuuuuu...uuuuuuuuuuuuuu...uuuuuuuuuuuuuu.  Impulsivo Marcos foi verificar o que era, eu me mantive distante para variar, para nossa surpresa uma cachorrinha pestiada, olhos remelentos e esquelética se mostrou.

Coitadinha! Vamos levar e cuidar dela. - disse Marcos.

Você só pode estar brincando não é? - indaguei. 

Nossa mãe não vai gostar nada disto! - afirmei. 

Não podemos deixar ela aqui para morrer! - "snif" retrucou.  

Além do mais como pretende levar ela? - repliquei. 

        Logo adiante uma sacola de plástico nos ajudou a resolver parte do problema que estava apenas começando. Em casa nos fomos diretamente para o quintal, improvisando embaixo de um pé de laranjeira  uma casinha com restos de madeira. Logo que meu outro irmão Adriano tomou conhecimento do que se passava, tornou-se aliado fiel do Marcos. Eu me mantinha distante de tudo, pois temia uma bronca gigante por ser o mais velho do trio. A movimentação era grande: separar comida, dar água, trocar os panos da "pestiadinha" não era tarefa fácil. Apenas dois dias durou a secreta operação "Bom Samaritano", a confusão finalmente estava armada. 

        Não preciso dizer o quanto a dona Helena ficou indignada, pior ainda por se tratar uma de  fêmea. Imaginem as caras e bocas dos meus irmãos tentando defender o desgraçado animal. Graças a Deus coração de mãe é mole, minutos depois ela preparava um mistura de carvão com óleo para a enrrugada e fétida pele do animal. Para curar internamente ela colocava na comida pequenas doses de enxofre. Acreditem vocês, em menos de dois  meses a moribunda havia recuperado seu pelo marron dourado e a verde  tonalidade dos seus olhos. Com o tempo "pestiadinha" passou a se chamar "Lilica" e até hoje me recordo da grande lição de amor e interesse que deveríamos ter pelas criaturas, incluindo certamente a humana.  

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        A mulher Cananéia de Mateus 15:21-28   é um emocionate relato bíblico movido por uma  fé encorajadora. Mesmo vislumbrando esse gesto de profundo apelo, Jesus insiste em dizer que não pode ajudá-la: “Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-lo aos cachorrinhos”. No entanto, a   fé em Jesus e o amor profundo de mãe, faz com que essa mulher saiba responder a Jesus: “É verdade, Senhor, mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!”.
        
        A primeira vista pode-nos parecer que Jesus manteve-se com um coração duro, e diríamos até insensível, perante essa mãe que clamava auxilio. Porem devemos nos lembrar que Deus se utiliza das mais mirabolantes formas para ensinar-nos seu Reino. Neste sentido, Jesus vale-se desta situação com sutileza irônica. Como já foi dito, Jesus estava sempre cercado por judeus. Cachorrinho era a forma que eles chamavam os gentios. Assim, Jesus chamando-a nos mesmos termos consegue evocar para si a atenção dos judeus, para mais uma vez, dar-lhes um belo ensinamento. 

Gratos por saber que somos especiais para Deus e que de modo algum a rejeição faz parte do seu carater.

Pense nisto.

Seu amigo Roberttus

terça-feira, 31 de agosto de 2010

O NÁUFRAGO


No filme "O NÁUFRAGO", lançado no ano 2001 pela  20th Century Fox e DreamWorks, Tom Hanks interpreta Chuck Noland, um engenheiro de sistemas do FedEx, cuja vida pessoal e profissional são controladas pelo relógio. Seu trabalho o leva, na maioria das vezes de um instante para o outro, para locais bem distantes - e bem longe de sua namorada, Kelly. Essa louca existência de Chuck termina abruptamente quando, depois de um acidente de avião, ele fica isolado numa ilha distante - um náufrago no ambiente mais desolado que se possa imaginar. Sem as conveniências da vida diária, primeiro ele tem que encontrar meios de suprir as necessidades básicas para a sua sobrevivência, incluindo água, comida e abrigo. Chuck, aquele que consegue resolver todos os problemas, acaba descobrindo como sobreviver fisicamente. Mas e depois?

Chuck começa sua verdadeira viagem ao enfrentar a provação emocional do isolamento. Após quatro anos, Chuck volta para a civilização como um homem profundamente mudado. Ele percebe que perder tudo o que tinha e o que achava que era importante foi a melhor coisa que poderia ter lhe acontecido.

Existe em cada um de nós um pouco ou muito de Chuck Noland. Parece que vinte e quatro horas não tem sido o suficiente para definir o que é prioridade ou necessidade em nossas vidas tolas. As cobranças da sociedade, o consumismo e a busca por melhor qualidade de vida tem tornado nossos sonhos em pesadelos, nossa paz em ansiedade e a tão almejada felicidade numa meta inatingível. 

Baseado no filme de Hanks, compus o poema que divido agora:

O NÁUFRAGO

A lógica de tudo é que não existe lógica para tudo
A tragédia é apenas um momento entre o antes e o depois.
A sobrevivência é quando a morte falha e o milagre prevalece

Pela lógica eu não deveria estar aqui falando com você...

Dominei o fogo, pesquei o peixe, subi a montanha. Fiz da solidão minha companhia e dos uívos do vento minha canção de ninar

Pela lógica eu não deveria estar aqui falando com você...

A esperança foi trazida pela maré numa manhã qualquer. Asas me fizeram livres da cadeia sem muros que me aprisionavam

Pela lógica eu não deveria estar aqui falando com você...

Anos se passaram até que eu pudesse descobrir que o tempo é agora e não depois. A ironia de tudo é que o amor não compreende a sutileza da sua própria essência, e  nem sempre  é  tão forte quanto a esperança

Pela lógica eu não deveria estar aqui falando com você...

Você me enterrou ainda vivo, seguro que seus olhos nao podiam me ver. Um outro  ocupa agora o lugar e o tempo que um dia poderiam ter me pertencido

Pela lógica eu não deveria estar aqui falando com você...

Perdi meu amor, meu amuleto de pescoço, todavia a solidão me trouxe lucides, maturidade, me trouxe asas. Prestarei mais atenção no hoje, viverei menos no futuro, visitarei com regularidade o passado. Qualquer forma de tragédia não se compara ao ato de peder o tempo para amar

Pela lógica eu não deveria estar aqui falando com você...

Decido continuar respirando, decido continuar sobrevivendo

Pense nisto.
seu amigo Roberttus